A vida é tão rara

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Paciência
Lenine
Composição: Lenine e Dudu Falcão

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára…

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara…

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência…

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência…

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara…

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não…

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara…

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não…

A vida não pára!…
A vida é tão rara!…


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Surrupiado do Ebeneser na sua Pedra de Ajuda.

Outras palavras

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“O que dá ao homem um mínimo de
unidade interior é a soma de suas obsessões.”

Nelson Rodrigues, jornalista e dramaturgo

Nos últimos anos, participei da escolha do título de mais de 700 livros. Ainda que tratando-se de obras traduzidas na maioria dos casos, a dificuldade no “batismo” não foi menor. Que equação complicada escolher algumas palavras que traduzam a proposta do autor e, ao mesmo tempo, instiguem os potenciais leitores!

Viciados em mediocridade preenche ambos os quesitos de forma notável. Antes mesmo de iniciar a leitura do texto, o título provocante já suscita questionamentos e (in)conseqüentes reflexões. Difícil permanecer impassível ante um diagnóstico tão contundente...

Embora escrito na década de 80, a mensagem do livro permanece atual e é especialmente bem-vinda no Brasil. Enquanto desperdiçamos pelo menos duas décadas esgrimindo para usar bateria nos templos, a fila andou no mundo. E bastante.

Claro que sempre existiram vozes dissonantes por aqui. Algumas se levantaram para insurgir contra hinos americanos enlatados. Não sei se o queixume adiantou, mas há quem esteja supersatisfeito com novidades no cardápio do tipo canções em versão light... made in Austrália. Como cantava o Cazuza, “um museu de grandes novidades”. Não apenas o futuro repete o passado... somos todos repetentes no supletivo da inovação.

“De nada serve partir das coisas boas de sempre mas, sim, das novas e ruins.”
Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta

Em meio à penúria reinante, algum espertinho criou uma solução que continua sendo avidamente deglutida pelo rebanho. O conteúdo é sofrível e sem qualidade? Basta pospor um adjetivo. Assim, temos a “adoração extravagante” e a “dança profética”, entre inúmeros ardis de eficácia nula fora do quadrado evangélico. Círculo apenas se pensarmos na retroalimentação que move nossa irrelevância.

Basta alguém iniciar uma discussão sobre a indigência artística cristã para descobrirmos que a mediocridade se estende também à capacidade de reflexão do rebanho. O tema em questão rapidamente é esquecido e recorre-se a uma infinidade de chavões do tipo “não tocar no ungido”, “até a mula de Balaão foi usada”, “Deus olha o coração”, “em vez de criticar devemos orar”, “quantas almas você ganhou?”, entre outros clichês menos cotados.

Adeptos desse tipo de reducionismo ficarão perplexos e possessos (sem trocadilho) com os termos usados por Schaeffer nestas páginas. O cara massacra impiedosamente a produção cristã... Essencial lembrar que o escritor se refere aos Estados Unidos. O que ele escreveria se desse uma passadinha aqui na terra das unções, levitas, sapatinhos de fogo e quejandos?

Pensando melhor, ele não deve aterrissar aqui porque anda meio ocupado com a faxina nos armários familiares. Em meio a muita poeira, revelações pra lá de indiscretas enxovalharam a imagem do papai Francis Schaeffer. A morte da razão?

“O revolucionário inventa as idéias. Quando as exaure, o conservador adota-as.”
Mark Twain, humorista e escritor

Em certos trechos da obra, Franky deixa a Arte de escanteio para sublinhar pensamentos hiperconservadores. A química parece meio estranha, afinal é comum ligar “arteiros” e artistas ao pensamento liberal. Mais uma vez o Brasil mostra ao mundo o seu caráter singular. Neste país tropical abençoado por Deus tanto os expoentes tidos como “liberais” quanto os “ortodoxos” pouco ou nada entendem do assunto. Mansa gente brasileira!

Sem a guarida dos teólogos, outra opção para estimular o debate seria usar as lentes da mídia. Um rápido exame mostra que as revistas ocupam-se de veleidades e temas relevantes como a festa de aniversário dos rebentos de cantoras de nomes tão improváveis quanto desconhecidos... Ao menos as publicações não escorregam no quesito harmonia: são ruins de capa e de conteúdo. Deselegância nada discreta.

Antes de pensar em possíveis epitáfios para a arte cristã verde-amarela, restam duas opções: livros e internet. Se você está com este livro em mãos, só o seu interesse pelo assunto já me faz aplaudir efusiva e pentecostalmente. O triste é lembrar que o Schaffer vai falar somente com alguns milhares de leitores, enquanto mantras e baboseiras em ritmos variados continuarão entorpecendo os ouvidos e a mente da turba.

No entanto, como tenho o gene da rebeldia impregnado nas cadeias do DNA, não acredito em soluções prontas. Da mesma forma que discordei de muitos lances elencados nestas páginas, espero que você siga pela mesma trilha, questionando e refletindo sobre cada ponto abordado. Como o livro apresenta uma espécie de “monólogo” doe seu autor, graças a Deus existe a internet para dar voz e vez aos leitores. Vários sites e blogs vão publicar esta diatribe prefacial, possibilitando a (re)ação e interação de todos. Se a palavra “viciados” indica a necessidade de cura, penso que o caminho terapêutico indubitavelmente passa pelo debate.

“Aos melhores falta toda convicção, enquanto os
piores são cheios de apaixonada intensidade.”

W.B. Yeats, poeta e dramaturgo

Como diria certo molusco, nunca antes neste Reino discutiu-se tanto sobre Arte. Meu reconhecimento e gratidão aos amigos Whaner e Ana Claudia pela contribuição que a W4 e o Cristianismo criativo têm dado ao rebanho. Se podemos vislumbrar um horizonte menos caótico no cenário artístico cristão, certamente o desvelo e a ousadia de vocês tem parte nisso.

A existência de limitações diversas não nos acovarda. Ao contrário, nos leva à ação diligente. Em nossa extensa lista de pecados e falhas não há de constar aquilo que o Rabino Jonathan Sacks classifica de “culpa do espectador”. O que estiver ao alcance de nossas mãos faremos com o melhor de nossa energia. Nas palavras do profeta João Bosco, “a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”. Yes, the show must go on!

Prefácio que escrevi p/ o livro Viciados em mediocridade, próximo lançamento da W4 Editora.

Prefácio do livro Viciados em Mediocridade,
da W4 Editora, por Sérgio Pavarine, no
Pavablog - 24.10.08

Teologia triunfalista e Los Hermanos

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“Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor”
Marcelo Camelo



Não foram poucas as vezes em que escutei um pastor orando com vigor num desses programas de televisão: “Nós determinamos a nossa vitória, agora!”. Interessante que, quando escuto essa frase, sempre lembro daquelas correntes de força positiva em desenhos animados de fantasia, tipo “A Caverna do Dragão”, em que todos se juntam e repetem uma frase-mágica para abrir um portal. “Sin-salabimbimbim!”, algo do tipo. Engraçado que, eu já conhecia a música do Marcelo Camelo há muito tempo e nunca tinha associado: a letra serve pra dar uma boa lição teológica na cabeça desses pastores que tentam determinar a vitória.

De modo bem genérico, a canção trata desse tipo de pessoa que não leva desaforo para casa, que não tem papas na língua; essas pessoas que “se for jogar é pra ganhar”. Marcelo Camelo zomba desse estereótipo do “vencedor” que nos cerca. “Chorar é coisa de menina”, “perder é só para os fracos”. Esse estereótipo (especialmente ligado ao homem e ao machismo) se difundiu de forma intensa em igrejas pelo mundo inteiro. Baseados na interpretação errônea do texto “Somos mais que vencedores em Cristo Jesus”, criaram a idéia de que “com Cristo é vencer ou vencer!”, ou mesmo “não diga que a vitória nunca vem, porque vitória pra você, Deus tem!”.

Essa idéia, do crente vitorioso, estranhamente não bate com palavras do próprio Cristo. Pois, o conceito de vitória exposto por Ele, parece ser muito mais abrangente. Perceba que quando Cristo diz “No mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo”, ele está lançando para nós alguns princípios. O primeiro deles está ligado à idéia de que, por favor, realmente teremos problemas! A energia elétrica poderá ser cortada, você poderá ser despejado, quem sabe entrar em crise existencial, perder um ente querido ou até mesmo estar debilitado com uma séria doença. Sim, isso pode acontecer. Ou inúmeras outras coisas que tragam a você “aflições” como Cristo afirmou. E não me venha com evangeliguês tipo “tá amarrado, em nome de Jesus”!

Entretanto, ele nos traz o fim da afirmação: “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Ora, é bom muito ouvir o que Cristo disse e tomar para si como uma certeza de que terei vitórias sempre. Mas, não. Creio que Cristo fala de algo maior. Ele venceu o olhar natural do mundo: ser torturado, crucificado, torturado na cruz e morrer abandonado. Pior desgraça não havia na época. Porém, Ele é o Filho de Deus que venceu o mundo, ressuscitando ao terceiro dia e trazendo salvação àqueles que nele crêem. Nossa vitória contra o mundo não está diretamente (ou totalmente, diria) ligada a vencer aflições do mundo. Mas, sim, ter a convicção de que, tudo isso pode acontecer, entretanto, venceremos ao final, correndo a carreira proposta e aguardando com fé: viver eternamente, sem aflições, nos altos céus, ao lado do próprio Deus.

No trecho da música, citado no começo do artigo, podemos encontrar alguns valores importantes. Camelo nos fala de alguém que “sempre quer vitória e perde a glória de chorar”. Há cristianismo? Sim: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Sl 46:1). Eu vivo o prazer de ter o abraço do Pai quando choro. Ele prometeu ser meu refúgio. Não quero perder a glória de chorar aos pés do Redentor.

"Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor”

A ironia é clara: não quero ser esse tipo de vencedor. Que quer vencer a todo custo, que não tem sentimentos. Eu também não quero. Eu quero ser o vencedor que leva a vida devagar pra não faltar o caráter de Cristo em mim. Não quero ser um apressado, acelerado em busca de tesouros e vitórias que vão ficar por aqui. Eu quero construir tesouros eternos, quero desenvolver construções que fiquem para eternidade, pra não faltar amor de Deus, nunca.

Eu não quero viver iludido com a teologia triunfalista. Acredito que isso entristece o coração de Deus. Sei que é seu desejo que os filhos vivam em sabedoria (basta ler Provérbios ou Eclesiastes). Viver a sabedoria, o conhecimento, com prudência. Ao mesmo tempo viver a emoção, não ser frio diante do amor que Ele reserva a nós. Por fim, deixo abaixo as palavras do autor aos Hebreus. Ele nos mostra bem o que fazer quando há problemas. Fazer o que Jesus faria é a chave. “Eu que nunca fui assim...muito de ganhar, junto aos mãos ao meu redor e faço o melhor que sou capaz só pra viver em paz”.

“PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta,2 Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.3 Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hebreus 12:1-3)


toda glória a Deus,
semcor

Originalmente postado no blog diversitá.

Paz

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Paz





Turnê Baixo e Voz em novembro.
Veja onde os caras vão tocar.

Em que pé está [2]

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Parte 2 de 2

Em que pé está [1]

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Entrevista de Sérgio Pereira e Stenio Marcius, para o Zona da Reforma, sobre a música cristã e suas mazelas.

Parte 1 de 2.