A vida é tão rara

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Paciência
Lenine
Composição: Lenine e Dudu Falcão

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára…

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara…

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência…

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência…

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara…

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não…

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara…

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não…

A vida não pára!…
A vida é tão rara!…


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Surrupiado do Ebeneser na sua Pedra de Ajuda.

Outras palavras

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“O que dá ao homem um mínimo de
unidade interior é a soma de suas obsessões.”

Nelson Rodrigues, jornalista e dramaturgo

Nos últimos anos, participei da escolha do título de mais de 700 livros. Ainda que tratando-se de obras traduzidas na maioria dos casos, a dificuldade no “batismo” não foi menor. Que equação complicada escolher algumas palavras que traduzam a proposta do autor e, ao mesmo tempo, instiguem os potenciais leitores!

Viciados em mediocridade preenche ambos os quesitos de forma notável. Antes mesmo de iniciar a leitura do texto, o título provocante já suscita questionamentos e (in)conseqüentes reflexões. Difícil permanecer impassível ante um diagnóstico tão contundente...

Embora escrito na década de 80, a mensagem do livro permanece atual e é especialmente bem-vinda no Brasil. Enquanto desperdiçamos pelo menos duas décadas esgrimindo para usar bateria nos templos, a fila andou no mundo. E bastante.

Claro que sempre existiram vozes dissonantes por aqui. Algumas se levantaram para insurgir contra hinos americanos enlatados. Não sei se o queixume adiantou, mas há quem esteja supersatisfeito com novidades no cardápio do tipo canções em versão light... made in Austrália. Como cantava o Cazuza, “um museu de grandes novidades”. Não apenas o futuro repete o passado... somos todos repetentes no supletivo da inovação.

“De nada serve partir das coisas boas de sempre mas, sim, das novas e ruins.”
Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta

Em meio à penúria reinante, algum espertinho criou uma solução que continua sendo avidamente deglutida pelo rebanho. O conteúdo é sofrível e sem qualidade? Basta pospor um adjetivo. Assim, temos a “adoração extravagante” e a “dança profética”, entre inúmeros ardis de eficácia nula fora do quadrado evangélico. Círculo apenas se pensarmos na retroalimentação que move nossa irrelevância.

Basta alguém iniciar uma discussão sobre a indigência artística cristã para descobrirmos que a mediocridade se estende também à capacidade de reflexão do rebanho. O tema em questão rapidamente é esquecido e recorre-se a uma infinidade de chavões do tipo “não tocar no ungido”, “até a mula de Balaão foi usada”, “Deus olha o coração”, “em vez de criticar devemos orar”, “quantas almas você ganhou?”, entre outros clichês menos cotados.

Adeptos desse tipo de reducionismo ficarão perplexos e possessos (sem trocadilho) com os termos usados por Schaeffer nestas páginas. O cara massacra impiedosamente a produção cristã... Essencial lembrar que o escritor se refere aos Estados Unidos. O que ele escreveria se desse uma passadinha aqui na terra das unções, levitas, sapatinhos de fogo e quejandos?

Pensando melhor, ele não deve aterrissar aqui porque anda meio ocupado com a faxina nos armários familiares. Em meio a muita poeira, revelações pra lá de indiscretas enxovalharam a imagem do papai Francis Schaeffer. A morte da razão?

“O revolucionário inventa as idéias. Quando as exaure, o conservador adota-as.”
Mark Twain, humorista e escritor

Em certos trechos da obra, Franky deixa a Arte de escanteio para sublinhar pensamentos hiperconservadores. A química parece meio estranha, afinal é comum ligar “arteiros” e artistas ao pensamento liberal. Mais uma vez o Brasil mostra ao mundo o seu caráter singular. Neste país tropical abençoado por Deus tanto os expoentes tidos como “liberais” quanto os “ortodoxos” pouco ou nada entendem do assunto. Mansa gente brasileira!

Sem a guarida dos teólogos, outra opção para estimular o debate seria usar as lentes da mídia. Um rápido exame mostra que as revistas ocupam-se de veleidades e temas relevantes como a festa de aniversário dos rebentos de cantoras de nomes tão improváveis quanto desconhecidos... Ao menos as publicações não escorregam no quesito harmonia: são ruins de capa e de conteúdo. Deselegância nada discreta.

Antes de pensar em possíveis epitáfios para a arte cristã verde-amarela, restam duas opções: livros e internet. Se você está com este livro em mãos, só o seu interesse pelo assunto já me faz aplaudir efusiva e pentecostalmente. O triste é lembrar que o Schaffer vai falar somente com alguns milhares de leitores, enquanto mantras e baboseiras em ritmos variados continuarão entorpecendo os ouvidos e a mente da turba.

No entanto, como tenho o gene da rebeldia impregnado nas cadeias do DNA, não acredito em soluções prontas. Da mesma forma que discordei de muitos lances elencados nestas páginas, espero que você siga pela mesma trilha, questionando e refletindo sobre cada ponto abordado. Como o livro apresenta uma espécie de “monólogo” doe seu autor, graças a Deus existe a internet para dar voz e vez aos leitores. Vários sites e blogs vão publicar esta diatribe prefacial, possibilitando a (re)ação e interação de todos. Se a palavra “viciados” indica a necessidade de cura, penso que o caminho terapêutico indubitavelmente passa pelo debate.

“Aos melhores falta toda convicção, enquanto os
piores são cheios de apaixonada intensidade.”

W.B. Yeats, poeta e dramaturgo

Como diria certo molusco, nunca antes neste Reino discutiu-se tanto sobre Arte. Meu reconhecimento e gratidão aos amigos Whaner e Ana Claudia pela contribuição que a W4 e o Cristianismo criativo têm dado ao rebanho. Se podemos vislumbrar um horizonte menos caótico no cenário artístico cristão, certamente o desvelo e a ousadia de vocês tem parte nisso.

A existência de limitações diversas não nos acovarda. Ao contrário, nos leva à ação diligente. Em nossa extensa lista de pecados e falhas não há de constar aquilo que o Rabino Jonathan Sacks classifica de “culpa do espectador”. O que estiver ao alcance de nossas mãos faremos com o melhor de nossa energia. Nas palavras do profeta João Bosco, “a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”. Yes, the show must go on!

Prefácio que escrevi p/ o livro Viciados em mediocridade, próximo lançamento da W4 Editora.

Prefácio do livro Viciados em Mediocridade,
da W4 Editora, por Sérgio Pavarine, no
Pavablog - 24.10.08

Teologia triunfalista e Los Hermanos

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“Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor”
Marcelo Camelo



Não foram poucas as vezes em que escutei um pastor orando com vigor num desses programas de televisão: “Nós determinamos a nossa vitória, agora!”. Interessante que, quando escuto essa frase, sempre lembro daquelas correntes de força positiva em desenhos animados de fantasia, tipo “A Caverna do Dragão”, em que todos se juntam e repetem uma frase-mágica para abrir um portal. “Sin-salabimbimbim!”, algo do tipo. Engraçado que, eu já conhecia a música do Marcelo Camelo há muito tempo e nunca tinha associado: a letra serve pra dar uma boa lição teológica na cabeça desses pastores que tentam determinar a vitória.

De modo bem genérico, a canção trata desse tipo de pessoa que não leva desaforo para casa, que não tem papas na língua; essas pessoas que “se for jogar é pra ganhar”. Marcelo Camelo zomba desse estereótipo do “vencedor” que nos cerca. “Chorar é coisa de menina”, “perder é só para os fracos”. Esse estereótipo (especialmente ligado ao homem e ao machismo) se difundiu de forma intensa em igrejas pelo mundo inteiro. Baseados na interpretação errônea do texto “Somos mais que vencedores em Cristo Jesus”, criaram a idéia de que “com Cristo é vencer ou vencer!”, ou mesmo “não diga que a vitória nunca vem, porque vitória pra você, Deus tem!”.

Essa idéia, do crente vitorioso, estranhamente não bate com palavras do próprio Cristo. Pois, o conceito de vitória exposto por Ele, parece ser muito mais abrangente. Perceba que quando Cristo diz “No mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo”, ele está lançando para nós alguns princípios. O primeiro deles está ligado à idéia de que, por favor, realmente teremos problemas! A energia elétrica poderá ser cortada, você poderá ser despejado, quem sabe entrar em crise existencial, perder um ente querido ou até mesmo estar debilitado com uma séria doença. Sim, isso pode acontecer. Ou inúmeras outras coisas que tragam a você “aflições” como Cristo afirmou. E não me venha com evangeliguês tipo “tá amarrado, em nome de Jesus”!

Entretanto, ele nos traz o fim da afirmação: “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Ora, é bom muito ouvir o que Cristo disse e tomar para si como uma certeza de que terei vitórias sempre. Mas, não. Creio que Cristo fala de algo maior. Ele venceu o olhar natural do mundo: ser torturado, crucificado, torturado na cruz e morrer abandonado. Pior desgraça não havia na época. Porém, Ele é o Filho de Deus que venceu o mundo, ressuscitando ao terceiro dia e trazendo salvação àqueles que nele crêem. Nossa vitória contra o mundo não está diretamente (ou totalmente, diria) ligada a vencer aflições do mundo. Mas, sim, ter a convicção de que, tudo isso pode acontecer, entretanto, venceremos ao final, correndo a carreira proposta e aguardando com fé: viver eternamente, sem aflições, nos altos céus, ao lado do próprio Deus.

No trecho da música, citado no começo do artigo, podemos encontrar alguns valores importantes. Camelo nos fala de alguém que “sempre quer vitória e perde a glória de chorar”. Há cristianismo? Sim: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Sl 46:1). Eu vivo o prazer de ter o abraço do Pai quando choro. Ele prometeu ser meu refúgio. Não quero perder a glória de chorar aos pés do Redentor.

"Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor”

A ironia é clara: não quero ser esse tipo de vencedor. Que quer vencer a todo custo, que não tem sentimentos. Eu também não quero. Eu quero ser o vencedor que leva a vida devagar pra não faltar o caráter de Cristo em mim. Não quero ser um apressado, acelerado em busca de tesouros e vitórias que vão ficar por aqui. Eu quero construir tesouros eternos, quero desenvolver construções que fiquem para eternidade, pra não faltar amor de Deus, nunca.

Eu não quero viver iludido com a teologia triunfalista. Acredito que isso entristece o coração de Deus. Sei que é seu desejo que os filhos vivam em sabedoria (basta ler Provérbios ou Eclesiastes). Viver a sabedoria, o conhecimento, com prudência. Ao mesmo tempo viver a emoção, não ser frio diante do amor que Ele reserva a nós. Por fim, deixo abaixo as palavras do autor aos Hebreus. Ele nos mostra bem o que fazer quando há problemas. Fazer o que Jesus faria é a chave. “Eu que nunca fui assim...muito de ganhar, junto aos mãos ao meu redor e faço o melhor que sou capaz só pra viver em paz”.

“PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta,2 Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.3 Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hebreus 12:1-3)


toda glória a Deus,
semcor

Originalmente postado no blog diversitá.

Paz

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Paz





Turnê Baixo e Voz em novembro.
Veja onde os caras vão tocar.

Em que pé está [2]

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Parte 2 de 2

Em que pé está [1]

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Entrevista de Sérgio Pereira e Stenio Marcius, para o Zona da Reforma, sobre a música cristã e suas mazelas.

Parte 1 de 2.

Foi tudo por água abaixo

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Literalmente.

Por motivos mais do que óbvios, o show do Baixo e Voz em Blumenau e região foi cancelado. Se você não imagina por quê, acesse allesblau.net.

As últimas postagens estavam programadas. Por isso pousaram aqui tão suavemente no meio do mais absoluto caos.

Estou com certa dificuldade de conexão e com muita, muita coisa pra fazer por aqui (entre trabalho, distribuição de alimentos, limpeza de casas, retirada de lodo e destroços das casas de muitos amigos...). Portanto, o blog funcionará de forma precária nos próximos dias ou semanas. Sei lá.

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Agradeço ao Sérgio e a Marivone (e a pequena e incansável Dora) pela paciência, esforço, bom humor e bom coração nos dias em que permaneceram ilhados por aqui (talvez ainda estejam ilhados na praia - abandonei-os lá e voltei pro caos de Blumenau).

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Quem sabe ano que vem a gente consegue fazer um showzinho bacana por aqui.

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Mais informações, quando Deus quiser.

O poeta e o lógico

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"O poeta pede para colocar sua cabeça nos céus.
É o lógico quem busca colocar os céus na cabeça.
E é a sua cabeça que racha."
Chesterton em 'Ortodoxia'.


Ainda que muita gente boa tenha suado a camisa para tornar a fé lógica, e ainda que muitos tenham obtido relativo sucesso na empreitada (basta conhecer alguns livros de C. S. Lewis como "Cristianismo Puro e Simples" e "Milagres"), é definitivamente a poesia e a arte que melhor podem nos aproximar daquilo que chamamos de 'divino'.

Ainda que os teólogos se desbobrem em suas sistematizações, e ainda que obtenham algum sucesso nesse árduo trabalho, jamais chegarão tão perto do Eterno quanto nos pode levar a música.

Já escrevi sobre os textos que mais me influenciaram no trecho mais recente da trilha que venho, aos trancos e barrancos, tentando percorrer. A lista precisa ser atualiza, por certo, porque já li outras coisas incríveis desde o último relato. Mas recentemente, influenciado pela prosa, percebi que faltava na minha lista poesia. Assim como descobri vida inteligente na prosa cristã, preciso espalhar a boa nova de que existe sensibilidade e criatividade na poesia desse país lamentavelmente gospelizado. É preciso compartilhar os lampejos de luz que irradiam de poetas sensíveis no meio da densa treva dos ministérios de louvor e seus mantras nauseantes.


Aos poucos queremos mostras essa gente, sua música e poesia, aqui no blog. Vamos ver até onde vamos.


Compilação de texto original do blog A TRILHA

Tá chegando

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Tá chegando o dia!

Viciados em Mediocridade 1

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1º dia - 7/11
Com João Alexandre, Sérgio Pavarini (entrevistador) e Taís Machado.

Veja como foi.


Sobre o Fórum.

Sapato velho

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Sapato Velho





Turnê Baixo e Voz em novembro.
Veja onde os caras vão tocar.

Novo Rumo

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Os alimentos recolhidos no show serão destinados à Casa de Recuperação Novo Rumo, em Gaspar.


Dentro de um pequeno vale no bairro Arraial Baixo, cercada por mata nativa e muita tranqüilidade está a Casa de Recuperação Novo Rumo. Um lugar onde centenas de pessoas já conseguiram encontrar uma saída para o problema da dependência química, dando um "novo rumo" às suas vidas. O administrador da estrutura, Gert Ingo Hausmann conta que a casa é uma instituição completamente independente, não apresentando vínculo com qualquer entidade, seja religiosa ou pública.


Quem quiser contribuir com a entidade ou mesma precisa de ajuda para se livar do vício, o telefone para contato é (47) 9909-5637

Fonte: Jornal Metas



Você pode saber mais sobre a Novo Rumo no:
Jornal Metas
Jornal O Caminho

Naquele dia

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A tal da "música gospel" segue cada vez mais intragável. Uma sequência de mantras entorpecentes de pobreza rítmica, melódica e poética de dar náuseas. Li, no subversivo site do Caio Fábio, uma frase que diz tudo:
Naquele dia Ele dirá: Nunca ouvi musica Gospel!

E sabe-se lá tudo o mais que Ele dirá naquele dia.


Postado originalmente no blog A TRILHA.

Carnaval do crente

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O assunto da aula era o carnaval. A disciplina, Cultura Brasileira. A turma debatia sobre os efeitos benéficos e perniciosos da grande festa popular nacional na sociedade. Eu me lembrei daquele sambinha meio bossa do Tom e pensei quase sem querer numa paródia evangélica para a canção. Ficaria assim:

A felicidade do crente parece
A grande ilusão dominical
A gente trabalha a semana inteira
Por um momento de sonho
Pra viver a fantasia
De pastor, diácono ou obreira
E tudo se acabar segunda-feira


Olha só o próprio Tom cantando com a Banda Nova (voz de Danilo Caymmi) em Montreal, 1986 (obviamente a versão original, e não a minha):

A felicidade

Tristeza não tem fim
Felicidade sim...

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei, ou de pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim...

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos de minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo por favor...

Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fimFelicidade sim...


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

Estar

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Ao longo da história do cristianismo, a música sempre refletiu a teologia do seu tempo. Nos tempos do cristianismo bélico da reforma, um belo hino que se cantava tinha essa piedosa estrofe:

"Somos os poucos eleitos do Senhor
Que todos os outros sejam condenados
Há espaço suficiente para você no inferno
Não queremos um céu abarrotado"

Estrofe de um hino batista calvinista
[Timothy George - Teologia dos Reformadores - 1994 - pg 231]


Hoje em dia, se você entrar em uma livraria evangélica e dedicar uma pequena fatia do seu precioso tempo para escutar os CDs mais vendidos (peça ao vendedor que os indique), poderá perceber, não sei se rindo ou chorando, o que está rolando por aí.

Até mesmo boas músicas são, graças ao imaginário popular, alvo de interpretações negativas. Um bom exemplo é a frase de uma interessante canção que diz: “meu maior desejo é estar onde Jesus está”. A frase tem seu valor. Pode sim, ser encarada com nobreza. O problema está na definição e conotação. No imaginário popular cristão, estar onde Jesus está é "estar na igreja", no encontro, na campanha, no mover, na visão. O símbolo maior da presença do Cristo ressurreto é o torpor do corpo que vibra em um êxtase de emoções descontroladas, no meio das músicas/mantras cristãos que alimentam a congregação.

Mas esse dificilmente seria um lugar onde Cristo estaria. Pelo menos não parece o tipo de lugar que ele freqüentou em carne e osso.

Na verdade, a proposta de Jesus foi outra. Ele não queria que nós estivéssemos onde ele está, mas que ele estivesse onde nós estamos. Pode parecer uma diferença sutil, mas não é. É absolutamente essencial. Porque, afinal de contas, nós fazemos nossos amigos e inimigos, mas foi Deus quem fez nosso vizinho. E é ali, com nosso vizinho, com quem está do nosso lado a cada momento, a cada instante, que Jesus deve estar presente e fazer a diferença.

Está todo mundo careca de saber que o lugar predileto de Jesus era entre os fracos, pobres, cansados, pequeninos. Ele declara ousadamente que é entre esses que nós deveríamos estar, como tão bem observou aquela andarilha das mercês.

Mas nós queremos mesmo é a glória.


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

A cultura de dentro

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O pior mal é o que vem disfarçado de cordeiro.


O problema cultural da igreja não está em descobrir formas de interagir com a cultura “de fora”, mas em descobrir formas de eliminar a “cultura de dentro”. Toda missão de uma igreja é transcultural se você percebe que a própria igreja desenvolveu e mantém-se profundamente embebida em uma cultura própria, alienada, desconectada do mundo ao redor.

O cristão moderno tem músicas, revistas, programas de televisão e rádio, grifes de roupa, livrarias, eventos, feiras, restaurantes, shows de música, dança e teatro voltados para entretenimento próprio.

Na nossa realidade cristã, o auge do discipulado acontece quando conseguimos transformar um crente novo em alguém tão esquisito e alienado quanto nós mesmos. Quando conseguimos por fim isolar completamente o novo convertido do mundo “de fora” e aprisioná-lo, junto conosco, naquilo que Caio Fábio chamou de “triângulo da morte”, que resume nossa existência nesse mundo ao ciclo “casa-trabalho-igreja”.

Nos esforçamos para fazer com que os eventos da igreja tenham uma cara mais palatável para os “de fora”. Acreditamos que “interagir com a cultura” é tocar as músicas do louvor em um novo ritmo, mudar a liturgia aqui e ali, fazer retoques na estrutura eclesiástica arcaica, criar um novo evento e extinguir um antigo. Mas não temos coragem e disposição suficiente para darmos liberdade para que aqueles que foram libertos pelo Evangelho possam vivê-lo livremente nos ambientes de onde eles vieram e influenciar esses ambientes, e os amigos que estão lá, com a graça que os alcançou e libertou. Nosso grande pavor é perder a alma do infeliz se o deixarmos sair dos muros de segurança da subcultura cristã. Nosso esforço só é recompensado, quando o novo crente demonstra de forma clara os novos padrões de comportamento estético adquiridos.

É espantoso ver que pessoas com anos de igreja ainda se perguntam se podem jogar baralho, ouvir essa ou aquela música, ver esse ou aquele filme, tratar-se com homeopatia ou pegar na mão do namorado.

De nada adianta disfarçar-nos com manifestações culturais “externas”, se ainda permanecemos cativos da cultura interna. Precisamos perder o medo e conduzir o povo pra fora dos nossos muros e mostrar que tem pasto verde do lado de fora. A cultura popular pode nos alimentar a alma. Beleza e espiritualidade estão conectadas e um filme ou música “secular” pode nos levar a um momento da mais pura adoração. E técnicas orientais de meditação podem nos fazer mais sensíveis à voz do Espírito Santo, na medida em que nos ensinam a afastar-nos da maluquice do ritmo de vida pós-moderno.

Evidentemente tudo isso pode também nos fazer mal. Mas a submersão na cultura evangélica alienada é um mal terrível que vem, em pele de cordeiro, nos comendo pelas beiradas, e nós não o distinguimos direito.


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

Ressuscita-me

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[revisto e atualizado]

Mayakovsky, autor do poema musicado por Caetano Veloso e interpretado no vídeo acima por Gal Costa, foi um poeta visionário. Sofria com a fome, a miséria e a injustiça na Rússia no início do século XX. Combateu as mazelas de seu país com palavras, pensamentos e atitudes. Queria ressurgir para transformá-lo, mas viu-se pequeno e incapaz diante da grandeza do sofrimento humano e, em 1930, aos 37 anos, suicidou-se frustrado com a impossibilidade da ressurreição e da transformação.

Vinte séculos antes, no entanto, um desconhecido judeu reacionário em um canto obscuro do poderoso império romano, havia elevado aos céus grito semelhante. O assombroso, nesse caso, é que ele foi atendido. O espetacular, em relação a toda humanidade, é que quando aquele clamor foi atendido, a resposta estendeu-se a todos. Diante de Cristo, ressurreição e transformação são reais.

“... estávamos mortos em nossos delitos e pecados... mas Deus nos ressuscitou com Cristo” (Ef 2:1-6).

O absurdo do cristianismo histórico, especialmente a versão reformada, é entender a ressurreição como um fim, como o objetivo da jornada do cristão. Se ressuscitamos, se já desfrutamos da eternidade, há de haver um motivo, um objetivo, uma razão maior que desfrutar do ‘céu’. Malayovski queria ressurgir para lutar contra as misérias do cotidiano, para encerrar os amores servis, para que ninguém mais tivesse de sacrificar-se por uma casa ou um buraco. Paulo queria algo semelhante:

“... para mostrar a graça... para fazermos boas obras” (Ef 2:7-10)

Jesus, como Paulo intuiu com precisão, veio anunciar a chegada de um Reino! “O Reino dos céus está próximo” – ao alcance das nossas mãos. Ele já está entre nós e nós somos responsáveis por sinalizar isso! Os evangelhos estão repletos de referências a um Reino entre nós, a respeito do qual somos responsáveis e que deveria ser nossa prioridade (Mt 6.33 - Mt 18.4 - Mt 25 - Mt 21.28-31, 43 - Mt5).

Com cristãos, temos que abandonar a visão escapista de “ir para o céu”, ou a visão acomodada de um Deus intervencionista que virá colocar tudo em ordem por nós. Temos que abraçar as visões proféticas e revolucionárias de artistas e poetas como Malayovsky.

Fazer discípulos é fazer pessoas que, assim como Jesus, ajam em favor do Reino. Já pensou? Pessoas imitando Jesus e levando outras pessoas a o imitarem*. Essa é a função do Evangelho do Reino, da nova vida em Cristo. Esse é o motivo do nosso clamor:

Ressuscita-me!

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O Amor
Letra: Mayakovsky
Música Caetano Veloso

Talvez, quem sabe, um dia
Por uma alameda do zoológico
Ela também chegará
Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
Ela é tão bonita que na certa
eles a ressuscitarão
O século 30 vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias
Agora vamos alcançar
Tudo que não podemos amar na vida
Com o estrelar das noites inumeráveis
Ressuscita-me
Ainda que mais não seja
Porque sou poeta e ansiava o futuro
Ressuscita-me
Lutando contra as misérias do cotidiano
Ressuscita-me por isso
Ressuscita-me
Quero acabar de viver o que me cabe
Minha vida
Para que não mais exista amores servis
Ressuscita-me
Para que ninguém mais tenha
De sacrificar-se por uma casa ou um buraco
Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme
E o pai
Seja, pelo menos, o universo
E a mãe
Seja, no mínimo, a terra
A terra, a terra

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* É sempre bom lembrar, para o leitor desatento, que devemos fazer discípulos de Cristo e não nossos, como nos induzem a crer as hierarquias de ‘autoridade espiritual’.

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Ventilado a partir do sopro original de Gladir Cabral.


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

Fórum Cristianismo Criativo

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II Fórum Nacional de Cristianismo Criativo
De 7 a 28 de novembro de 2008, das 19h às 21h30, no Auditório da Livraria Cultura do Shopping Market Place em São Paulo.

O tema da segunda edição do Fórum Nacional de Cristianismo Criativo será: “Viciados em Mediocridade?”, baseado no livro homônimo do escritor Frank Schaeffer, que já figurou na lista de best-sellers do jornal New York Times.

Promovido pela W4 Editora e pelo Portal Cristianismo Criativo, o Fórum Nacional de Cristianismo Criativo tem como objetivo discutir as relações entre artes, cultura e cristianismo, procurando identificar razões que levam a produção artística cristã a ser considerada utilitária e irrelevante dentro da matriz cultural brasileira, permitindo a formulação de caminhos possíveis para uma maior interação entre os cristãos artistas e a sua comunidade.

Cada uma das quatro noites trará um pocket show e uma entrevista, seguida por um momento de debate entre os convidados e o público presente, além de internautas de todo mundo, que poderão acompanhar o evento ao vivo, via internet.

O II Fórum Nacional de Cristianismo Criativo conta com o apoio cultural e institucional das seguintes organizações: ABUB – Aliança Bíblica Universitária do Brasil, Livraria Cultura, MPC – Mocidade Para Cristo, Pavazine, Souto Crescimento de Marcas e zOnA da REfOrmA. O fórum faz parte da programação do PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Veja a programação e mais detalhes no site da W4
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Quarto Mundo

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Uma homenagem musical ao nosso sofrido planeta.

Abrimos com a fabulosa ‘Quarto Mundo’ de Egberto Gismontti. Depois vem Xangai em ‘Matança’, sua louvação às árvores e Vital Farias na terrível ‘Saga Amazônica’. Para encerrar com chave de ouro, o mestre Elomar entoando o ‘Canto de um guerreiro Mongoió’.

Especialmente selecionadas para se ouvir na rede, tomando um tererê.








Publicado originalmente no blog A TRILHA.

The Beatles e o evangelho do reino

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Quando o movimento hippie despontou, os cristão ficaram de cabelo em pé. Apavoraram-se diante daqueles ideais. Trancaram-se dentro de suas igrejas, com as costas viradas para o mundo, olhos fechados, clamando por misericórdia. Agarraram suas crianças e protejeram-nas no mal. Temerosos e inseguros diante da loucura que se formava, fecharam os olhos para um fiapo de beleza que aparecia no centro do turbilhão. E, naturalmente, como fazem até hoje, mantiveram suas próprias loucuras isentas de julgamento.

Alheias à essa retração medrosa, pedras levantaram seu clamor. Do âmago das almas enebriadas por sexo livre e drogas, erguia-se um clamor semelhante ao de Paulo, que anunciava o início de um novo mundo onde não havia grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre. Uma fraternidade de homens.

Imagine que não exista nenhum país
Não é difícil de fazer
Nada porque matar ou porque morrer
Nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz...

Imagine nenhuma propriedade
Eu me pergunto se você consegue
Nenhuma necessidade de ganância ou fome
Uma fraternidade de homens

Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo.

Imagine - John Lennon
[tradução livre]

Aquela juventude transviada tinha um ideal. Muito pior do que isso, estava disposta a viver seu ideal. Criam nele a ponto de tentar torná-lo real. É claro que os meios são tão questionáveis quanto os resultados, mas o ideal era decididamente valioso e absurdamente semelhante ao Reino de Deus - paz e amor.

Em contraste com eles, nós, cristãos, nos encontramos hoje completamente inertes. Como Raul Seixas, permanecemos "parados, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar".

Estou certo de que você já constatou que todos os anos seu celular, seu computador, os jogos que você utiliza - e tudo o mais - mudam: as funções multiplicam-se, as telas aumentam, colorem-se, as conexões da internet melhoram, etc. (...) Quem pode acreditar seriamente que vamos ser mais livres e mais felizes porque no ano que vem o peso de nosso aparelho de MP3 vai diminuir pela metade, ou sua memória duplicar? Conforme o desejo de Nietzsche, os ídolos morreram: de fato, nenhum ideal inspira mais o curso do mundo, só existe a necessidade absoluta do movimento pelo movimento. Rafael Campoy - citado em algum lugar que não encontrei mais...
Somos como ratos na gaiola. Nosso ideal de vida é correr naquela rodinha. Fazê-la girar e girar. Um celular novo, mais memória ram, carro novo, bicicleta nova.

O Evangelho, no entanto, é a proposta de um ideal pelo qual viver! A proposta de um Reino que já começou. "É chegado o Reino de Deus". “Venha a nós o Teu Reino”, orou aquele homem que jamais sonhou que um dia se tornaria um mero um adjetivo religioso.

O cristão, porém, jamais chegou a mover uma palha pelo ideal de Lennon, tão pouco pelo de Cristo. Está preocupado é com o ‘espiritual’. Suas preocupações e ênfases, seu relacionamento interesseiro com Deus, está quase sempre baseada numa devoção alienada. A única coisa não espiritual que envolve a devoção evangélica é o culto a Mamom. No mais, tudo gira em torno das almas e das sensações. É uma fé ectoplásmica.

Carecemos de uma reviravolta. Chega de gospel [sic]. Chega de louvor comercial. Precisamos cantar Beatles. Clamar pelo evangelho de Lennon, que sabia mais do Reino de Deus que nossos 'levitas' [sic].


Publicado originalmente no blog A TRILHA.

Dias melhores

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E não é o que queremos todos?
E não é o que fomos chamados a promover?
E não é o que a mensagem daquele galileu poderia realizar caso fosse praticada?
Caso fosse...

Dias Melhores
Jota Quest
Composição: Rogério Flausino




Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos
Para trás

Vivemos esperando
O dia em que
Seremos melhores
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo

Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Vivemos esperando

Dias melhores pra sempre

Evangelho e cultura

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Uma grande dificuldade que o cristianismo tem é se relacionar com a cultura que o cerca de forma pacífica. Reside em nossos corações o medo de perder a fé e ser atacado pelo inimigo que sorrateiramente nos espreita atrás de cada manifestação cultural. Esse mesmo medo se estende para a tecnologia e o conhecimento. Vivemos cercados de medos porque cremos em um inimigo tão forte e inteligente quanto aquele que habita em nós.

Interessante perceber que essa questão era corrente também nos tempos da igreja primitiva. Cultura e religiosidade eram coisas indivisíveis. E, a julgar pelas cartas de Paulo, a comunidade cristã em algumas cidades também sofria desse medo cultural.

Naquele contexto, semelhante ao nosso, Paulo escreve aos romanos (Rm14), ao tratar da necessidade ou não de se abster dos alimentos oferecidos aos ídolos: cada um deve estar convicto em sua própria mente. O argumento dele parece ainda mais ousado quando diz que feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova concluindo ainda que aquele que tem dúvida, é condenado se comer (de onde se conclui que a condenação não reside no ato de comer, mas na consciência de quem come). E aos corintios (1Co 8), Paulo diz que, em relação aos alimentos sacrificados aos ídolos, sabemos que o ídolo não significa nada no mundo e que só existe um Deus. Mas, argumenta Paulo, alguns ainda comem alimentos sacrificados como se o ídolo fosse alguma coisa de poder semelhante à Deus e pudesse, de alguma forma, se opor à Ele e como a consciência deles é fraca, fica contaminada. E como o assunto é polêmico e recorrente, Paulo ainda insiste (1Co10.23): comam tudo que tem no mercado sem fazer perguntas por causa da consciência. E mais algumas vezes ele insiste que o problema não está no demônio que a cultura insere no alimento, mas na consciência de quem se alimenta, e pergunta: porque minha liberdade deve ser julgada pela consciência do outro? Ou seja: se estou tranqüilo, de cuca fresca, me deixem comer em paz!

Mas nós temos muita dificuldade de agir com liberdade nessas questões. Nosso medo continua - mas se eu for lá na aula de yoga e isso for mesmo coisa do diabo? - Parece que ele vai desapercebidamente, grudar na minha "canguta", como naquele famoso romance cristão. E vivemos à sombra do medo. E só nos sentimos seguros entre os muros gelados da nossa instituição religiosa. Lá somos intocáveis. Lá temos o corpo fechado.

Engraçado é que fomos chamados para ir ao mundo, mas poucos têm essa coragem. Se nos falta coragem, se somos fracos, como diz Paulo, é porque nos falta a essência daquilo que Jesus pede de nós – amor. Porque o amor lança fora o medo. E se foi para liberdade que Cristo nos libertou, que liberdade é essa que nos faz temer o ataque do inimigo em cada canto da cultura que nos cerca?

Paulo prossegue na luta de libertar o cristão desse medo. Aos colocensses (Cl2), ele pede que não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem, ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado. Todas essas coisas envolviam, naquele tempo, uma miscelânea indivisível de religiosidade e cultura, mas Paulo pergunta sarcasticamente: porque vocês se submetem a regras: não manuseie! não prove!, não toque!? E ainda termina provocando: essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. Ele parece insistir que o problema está em outro lugar, muito mais próximo de nós do que a cultura. Está dentro, escondido num canto escuro do nosso coração evangélico e bem comportado.

Nós insistimos em que o viver santo carece de abstermo-nos do mal e, por isso, arranjamos algumas formas de conduta que possam ser julgadas como más, para podermos nos abster delas e termos aquela bela sensação de santidade. No entanto (Cl3), povo de Deus, santo e amado, se queremos um viver santo, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito.

Portanto, no que diz respeito à cultura que nos cerca, deixemos de nos preocupar com os demônios que habitam escondidos pelos cantos. Porque toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto. E a música popular, o folclore, os atabaques e danças, bem como toda forma de cultura, está repleta de boas dádivas, que geram saúde, sabedoria, capacidade de concentração e relaxamento. Desfrutemos dessas boas dádivas com nossas consciências tranqüilas. Porque o poder de atuação do mal sobre nós reside em nossas dúvidas, temores e medos.

E, você pode estar perguntando, quando ouvimos aquele testemunho do rapaz que fez acupuntura e se viu bloqueado em relação ao seu relacionamento com Deus? Ora, nesses casos o crente se sente, no canto do seu quarto, sozinho diante de Deus, como a criança que foi pega por ter roubado doces. A consciência do sujeito já o havia condenado muito antes da primeira agulhada e, como a consciência dele era fraca, ficou contamidada.

Sim, Paulo nos exorta a cuidarmos dos fracos. Mas esse cuidado inclui, certamente, o ensino e encorajamento para fortalecê-los. E não o amparo de uma mãe superprotetora que carrega galos crescidos debaixo das asas. Por isso, como Paulo (Ef3), devemos orar à Deus para que ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito.


Adaptado do texto publicado originalmente no blog A TRILHA em 2.5.07

Na varanda

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Na varanda

Letra: Mario Coutinho / Tiago Vianna
Música: Tiago Vianna

Esperança na varanda brinca
Tão risonha escarafuncha
A vida de quem cochila
Esperança na varanda espera
A chuva que vem longe
Cinza, triste e vagarosa.

Esse campo perigoso
Onde tudo tem seu risco
Visgo de tristeza pega
Seus maus tratos trazem frio

Vida, quintal de criança
Há que se saber dos riscos
Há que se saber dos cacos
Riscado do giz de barro

Esperança na varanda grita
Acorda a alma esquiva
Alma de quem não dá bola
Esperança na varanda escuta
Os lamentos e as rimas
Dos poetas tão cansados
Dos poetas tão escassos

Vida, pátio de escola
Tudo nela vai, decola
Vôo certo na subida
Buscando o grande azul

Vida é como folha de livro
Vida é verso bandido
Vida é verso em reverso

Programação novembro 2008

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Acompanhe a programação do Baixo e Voz no sul, durante o mês de novembro.

NOVEMBRO/2008

Camboriú (SC)
21/11, 20h - Rua 3.300 – nº 360 – Andar C – Ed. West Side
Luiz (47) 3367.3424 - Jones (47) 3360.8853
jones@redel.com.br

Brusque (SC)
Dia 22, 20h - SENAC
Rua Olímpio Souza Pitanga, 04
bedhungues@hotmail.com (Daniel)

Florianópolis (SC)
Dia 23, noite – Igreja Presbiteriana na Trindade
gladirc@yahoo.com.br (Gladir)

Blumenau (SC)
Dia 26, noite - Workshop na Fundação Cultural de Blumenau
Inscrições antecipadas na Musicarte:
contatoblumenau@musicarte.com.br
Fone: (47) 3329-2035

Blumenau (SC)
Dia 27, 20h – Fundação Cultural de Blumenau
Em frente ao Biergarten, às 20h
tucoegg@gmail.com

Curitiba (PR)
Dia 30, manhã - Hospital da Cruz Vermelha
datames@gmail.com (Tato)

Curitiba (PR)
Dia 30, 18h30 – Igreja Evangélica Irmãos Menonitas do Xaxim
gilberto.wiens@siemens.com (Gilberto)

Paixão e fé, faca amolada

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Música tema do projeto Música Cristã Brasileira.




Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar faca amolada
Irmão, irmã, irmã, irmão de fé faca amolada

Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia
Beber o vinho e renascer na luz de todo dia
A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada
O chão, o chão, o sal da terra, o chão, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia
Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai se muito tranquilo
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

Fé Cega, Faca Amolada
Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Baixo e Voz em Blumenau

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Está confirmado.

O piloto do projeto Música Cristã Brasileira em Blumenau vai apresentar o duo Baixo e Voz, no teatro da Fundação Cultural.

Sérgio Pereira e Marivone Lobo, casados, pais de Dora Lobo Pereira, desenvolvem o Baixo e Voz desde 1991. No momento contam com quatro CDs independentes.

  • BAIXO E VOZ
    Dia 27 de novembro - quinta-feira, às 20h.
    No teatro da Fundação Cultural de Blumenau
    (em frente ao Biergarten).
    Ingresso: 1Kg de alimento não perecível.

Sérgio Pereira:
Compositor, arranjador, palestrante, educador na área musical (desde 1992) e história (formado pelo Centro Universitário Barão de Mauá em 2007), colaborador da revista Cover Baixo (escreveu as matérias de capa das edições 42 e 63); autor de materiais didáticos. Dentre eles, destaque para Harmonia & Baixo: estudos práticos (independente) e Acordes para Baixo: manual para quatro cordas (lançado pela editora Irmãos Vitale em outubro de 2007) – indicados em várias revistas especializadas.
Estudou com Cláudio Bertrami, Ian Guest, José Miguel Wisnik, Jaime Barbosa, Haroldo Garcia, José Eduardo Gramani, Geraldo Ribeiro e Marquito Cavalcante. Trabalhou com o grupo Expresso Luz - Goiânia - durante o ano de 1997.

Marivone Lobo:
Formada em Música Popular pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Compositora, arranjadora e professora de técnica vocal desde 1997. Foi integrante do Coral da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Escreveu o material didático “Técnica Vocal para Iniciantes” (2002).

Músicos que indicam o duo:
Telo Borges, Ian Guest, Rique Pantoja, Arthur Maia, Wanda Sá, Edu Martins, Adriano Giffoni, Johnny Alf, Marquito Cavalcante, Jorge Pescara, Nilton Wood, João Alexandre, Marcelo Mariano, Fernando Merlino entre outros.

O projeto

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Música Cristã Brasileira é um projeto que quer trazer ao conhecimento do público a excelente música brasileira que está sendo escrita por músicos e poetas cristãos, com a riqueza de ritmos nacionais e sem o ranço religioso padronizado. É uma manifestação cultural riquíssima, uma vez que une poesia, música e fé com elementos da cultura nacional em seus mais variados ritmos, viajando livremente entre samba, xote, baião, bossa e toda musicalidade tupiniquim.

Os textos valorizam o encontro da fé com a vida, com o dia-a-dia, com os sofrimentos e alegrias do povo, sem apelar para a linguagem proselitista e alienada que comumente caracteriza a música religiosa e a separa do mercado popular.

Além disso, o projeto busca fazer diversas pontes entre a música explicitamente cristã e a MPB consagrada de grandes autores como Milton Nascimento (daí o conceito "paixão e fé, faca amolada"), resgatando a verdade de que Deus não é prisioneiro de um ou mais grupos religiosos formalmente instituídos. Antes, como a própria bíblia menciona, é vento livre, que sopra onde quer e pode facilmente ser encontrado em qualquer manifestação artístico/cultural e, de maneira ainda mais perceptível, na música e poesia, sempre que se fala a favor da vida, do amor e do respeito entre toda as criaturas de nosso sofrido planeta.

Os primeiros artistas a se apresentar em um piloto do projeto, serão Sergio e Marivone, do duo Baixo e Voz.